Tendência Outono/Inverno 2009

Por Daniella Polidoro

Quando as temporadas de moda têm inicio, as passarelas das principais cidades do mundo são invadidas por coleções de grifes famosas e menos famosas, mas, principalmente, por diferentes ou semelhantes apostas para a estação que se aproxima.

Os jornalistas, ávidos por informações, capturam, em suas idas e vindas pelas capitais da moda, as tendências apresentadas e as transformam em capas e recheios de revistas e jornais.

A conhecida loja H&M trouxe, na edição de outono de seu informativo de moda, as quatro tendências para o outono 2008 europeu. Essa, obviamente, é a opinião e o resultado de pesquisa da equipe editorial da H&M magazine, que mostra nas páginas da revista o que as vitrinas e as parisienses já revelam para os olhos do mundo da moda.

Os nomes dados, na verdade, são apenas uma tentativa de definir um estilo, e pouco importam; cada um pode, e deve, olhar as fotos e interpretá-las à sua maneira, conforme maior ou menor conhecimento da história da moda, gosto pessoal e lembranças que vem à mente ao contemplá-las. E, dessa forma, criar seu estilo pessoal.


Tendências parisienses para o Outono Inverno 2009: Folklore. Foto:ReproduçãoA primeira inspiração para o outono francês é chamada “Romantismo Étnico Folk” e traz a tendência artística dos anos 60 e folk dos anos 70. Desde as versões bio (apoio ao meio ambiente, com tecidos naturais e orgânicos) esplendidamente cortadas até os elementos hippies repletos de cores: o que vale é uma moda que respeita o planeta e que se inspira em sua diversidade.

Tecidos: cotton bio, veludo, veludo cotelê, flanela, seda

ores: cores neutras e suaves com ênfase às puras e cândidas, como rosa, azul turquesa, vermelho, verde-oliva, amarelo, laranja e verde-grama

Detalhes: broderis, zíperes, botões, enfeites, aplicações

Silhueta: de semi-ajustada à ampla

Inspirações e estampas: étnicas, papel de parede, estampas psicodélicas e modernistas

Acessórios: xales, braceletes, anéis grandes, pingentes, echarpes longas em malha, botas anos 70, bolsas, mocassins, chapéus
Vestimentas: vestidos e camisas folclóricas, parkas, salopetes, tricôs em malha espessa, jeans largo, blusões de couro, roupas inspiradas em
uniformes.


Tendências parisienses para o Outono Inverno 2009: Retro Couture. Foto:ReproduçãoAs ruas da Londres de Oliver Twist, o reencontro com os costureiros da velha Paris e os escarpins de Marlene Dietrich inspiram a tendência “Retro Alta- Costura”. A moda proposta é a do final dos anos 40, na elegância dos tailleurs e no charme dos tons, e apaixonantes, clássicos (ainda falarei mais deles por aqui!).

Inspirações e estampas: tweed, listras/riscas, estampas florais

Detalhes: ombreiras, mangas bufantes, renda, cortes/tamanhos grandes, mangas largas

Vestimentas: blazers, camisas, calças largas, pulls e cardigans em malha muito espessa, coletes, saias até o tornozelo e maxissaias, calças até o tornozelo, vestidos-casaco, ternos ajustados, camisas femininas

Silhueta: de ajustada à ampla

Tecidos: tweed, gabardine, lã e cotton mesclados

Cores: tons clássicos, neutros, com ênfase especialmente no azul, verde, azul petróleo e bordô

Acessórios: xales, meia soquete em tricô e/ou até o joelho, chapéus, correntes, brincos, sapatos de salto alto, ponchos, bonés, pérolas, cintos.


Tendências parisienses para o Outono Inverno 2009: Arty. Foto:Reprodução O colorido e a criatividade das artes em geral ditam as regras da moda “Arty”. E tudo parece girar mesmo em torno da arte... Uma reflexão conceitual ou uma aproximação artística divertida; interpretá-la será sua inspiração! Bem-vinda imaginação!

Acessórios: bijoux artesanal, bolsas levadas na mão

Tecidos: cotton, lã, seda, poliéster, nylon

Silhueta: contrastante, de estreita à larga

Cores: vivas, radiantes e preto-e-branco

Inspirações e estampas: motivos pintados à mão, estampas gigantes, vivas e audaciosas, listras, impressos gráficos de todos os tipos

Vestimentas: vestidos retos, camisas, camisetas, casacos, vestidos-casaco, saias trapézio, vestidos largos, pulls sem mangas, coletes.


Tendências parisienses para o Outono Inverno 2009: Decadent. Foto:ReproduçãoA decadência boêmia e a excentricidade dos rock stars, silhuetas amplas dos anos 1900 e o charme dândi dos anos 20, sem deixar fora o orientalismo: voilá o “Rock Decadente”. Uma dica para aprofundar-se nesta tendência é adotar uma atitude charmosa de rapaz escondido e abuse da ambigüidade avant-garde unissex.

Silhueta: contrastante, de estreita à ampla

Detalhes: broderi, ornamentos, pérolas, golas e mangas de pele

Acessórios: chapéus, braceletes, colares compridos, sapatos com laços ou cadarços, bijouxs envelhecidos em metal, echarpe de pele, broches, strass, pérolas escuras

Inspirações e estampas: impressos art déco, impressos à mão, impressos de porcelana, formas abstratas, orientais, estilo asiático
Cores: tons neutros e frios, profundos e pálidos, nuanças indefinidas, contornos imprecisos, com qualquer ênfase viva em amarelo, azul, vermelho, lilás, verde-oliva e ocre-dourado

Tecidos: peles, veludo, renda, viscose, mousseline, seda, lurex, crepe, tafetá, cachemire, jérsei drapeado, brocado, tecidos metalizados

Vestimentas: ternos ajustados, simultaneamente com saias, casacos, smoking, saias longas até o tornozelo, corpetes, camisas, vestidos-casulo, camisaria com laços, saias-lápis, capas, pijamas de seda.

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Disfunções do Desejo Sexual Feminino

Por Dra. Luciana Parisotto

Cada vez mais as mulheres procuram ajuda quando sentem-se desmotivadas sexualmente. Buscam apoio em amigas, profissionais da área de saúde, como psiquiatras, psicólogos ou mesmo ginecologistas. Raramente abrem-se com seus parceiros por se sentirem ameaçadas na estabilidade de seus relacionamentos.

Muitas vezes, adotam a velha postura de "luta ou fuga". Ou seja, ou combatem o seu problema insistindo na relação sexual, mesmo não prazerosa, fingindo deleite e orgasmo, (o que deixa o parceiro de fora da realidade e excluído como apoio), ou fogem do contato sexual como o "diabo foge da cruz", queixando-se de dores de cabeça, cansaço e irritação, (evitando o apoio do parceiro, que geralmente sente-se rejeitado).

Muitas vezes o problema é deslocado para o companheiro, encarado como o "inimigo", responsável pela perda do desejo. A depressão é uma conseqüência freqüente e o desajuste conjugal é o passo seguinte.

Mas o que é isso?

Chamamos de Desejo Sexual Hipoativo (DSH) a esse transtorno sexual que acomete, em média, 35% da população brasileira. Caracteriza-se por uma diminuição ou ausência completa de fantasias eróticas e de desejo de ter atividade sexual. Há dificuldades no envolvimento com o parceiro, pois este queixa-se de falta de intimidade ou reciprocidade.

E diminui por quê?

Vários fatores podem determinar o DSH. Dentre os fatores orgânicos, devemos dar atenção a desequilíbrios hormonais. O aumento de prolactina, a diminuição de testosterona ou de estrogênio, podem causar uma baixa importante da motivação sexual. Várias medicações já estão disponíveis para lidar com esses problemas, como os hormônios de reposição ou drogas que restituem o equilíbrio hormonal.

Quando há infecções na vagina ou nódulos, a melhora destes quadros, com tratamento apropriado (antibióticos, analgésicos, lubrificantes, tratamento cirúrgico), restaura o desejo sexual.

Outro grande fator de diminuição do desejo é a depressão. Quadros de intensa tristeza e sentimentos de menosvalia acabam com o apetite sexual. O tratamento desses transtornos com antidepressivos pode restaurar o prévio desejo sexual. Infelizmente, grande parte dessas medicações pode provocar efeitos colaterais sexuais a curto e a longo prazo, como diminuição do desejo, impotência, retardo da ejaculação e anorgasmia. Por essa razão, o tratamento de depressão deve ser ministrado e acompanhado pelo psiquiatra. Existem algumas medicações que podem ser prescritas como "antídotos" para esses efeitos colaterais sexuais. Dessa forma, a pessoa pode se beneficiar do tratamento para depressão, sem prejudicar sua vida sexual.

Os fatores sociais e psicológicos têm muito peso no Desejo Sexual Hipoativo.

A forma de criação das mulheres nos países ocidentais, com muita repressão e influências culturais negativas no que tange à sexualidade, trouxe profundas conseqüências para a vida sentimental e sexual feminina. A mulher não é tão estimulada a se ver, a se tocar e a se conhecer sexualmente quando comparada ao homem. Educava-se para não permitir que a sexualidade feminina viesse à tona. Após a revolução sexual dos anos 60, houve uma tentativa de inversão desses valores. No entanto, busca-se ainda hoje um meio termo, um equilíbrio para a real identidade feminina.

É comum o conflito entre ser uma mulher maternal e também sexual, como se fossem funções incompatíveis. As queixas de baixa libido e depressão não são raras após o parto. O casal pode começar a se desajustar mesmo durante a gravidez. A mulher passa a se ver e a ser vista como um ser idolatrado, puro, destituído de atrativos sexuais. Passa a negar o lado sexual em prol de ser mãe.

Situações traumáticas de abuso sexual, mensagens anti-sexuais durante a infância, culpas, comportamento sedutor por parte dos pais, dificuldade em unir amor com sexo em si mesma (esposa X prostituta), raivas entre o casal e competição temida com o pai ou mãe, entre outras, são fontes de baixa libido nas mulheres.

Possíveis soluções:

O DSH é uma das disfunções mais difíceis de se tratar, pois geralmente acomete o indivíduo por longos anos, dado que as pessoas resistem muito em procurar ajuda. É freqüentemente originado por fatores psicossociais, sendo os raros casos de organicidade encaminhados para especialistas.

Grande parte das mulheres pode beneficiar-se de reeducação sexual, visando a informação e a permissão sexual. Ou seja, muitas mulheres não aprenderam a se aceitar sexualmente e a se conhecer, devendo passar por um processo de reeducação sexual a nível de consultório. É o que chamamos de terapia cognitivo-comportamental.

Outras apresentam problemas mais profundos de auto-estima, de culpas e de repressões. Para esses casos, a psicoterapia de orientação analítica e/ou o psicodrama podem ajudar significativamente.

Clique aqui para ler mais sobre saúde feminina.



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Feminismo: o injusto desprezo atual


Faz pouco tempo, um grupo de mulheres bacanas quebrou preconceitos, enfrentou a polícia, o Estado, a Igreja, mudou as leis e a sociedade. Muitas empenharam nessa luta a própria vida. São as feministas. O feminismo até poderia ser arquivado em museu – e revisitado como curiosidade histórica – não fosse alto o índice de mulheres que ainda apanham em casa; caso a aids não estivesse crescendo entre as monogâmicas; caso as negras não continuassem humilhadas e tendo que se esforçar em dobro para provar seu valor. Mais: se o nosso salário fosse equiparado ao dos homens – porque, você sabe, mesmo sendo mais competente do que o colega do lado, o holerite dele é maior. A conclusão rápida é que esse movimento de mulheres e de todos os homens que amam as mulheres ainda tem muito o que fazer. Uma série de mitos e estereótipos, no entanto, grudou nas palavras feminismo e feminista, e o conceito entrou em baixa. Um problemão, pois muita jovem de 20 anos que não conhece a história do feminismo repete chavões que nos fazem mal e acha que nós sempre pudemos decidir a própria vida. Não se dão conta de quão recentes são as conquistas que nos permitem viver como vivemos nem de quanto ainda há por fazer.

Leia Mais:

Reportagem Revista Claudia
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Sobre o Dia Internacional das Mulheres



No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Esta data é ligada a uma proposta feita em 1910, pela líder comunista alemã Clara Zetkin, durante o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas para lembrar operárias mortas durante um incêndio que ocorreu em uma fábrica em Nova York, em 1857.

lkjhgfMas há controvérsias quanto a esta versão. Segundo a socióloga Eva Alterman Blay, coordenadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações de Gênero (Nemge) e professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), o acidente de 1857 não aconteceu. Pelo menos não na data em que é lembrado.
lkjhgfDe acordo com Eva Blay o incêndio que se relaciona ao Dia Internacional da Mulher foi o que aconteceu no dia 25 de março de 1911, nos EUA, na Triangle Shirtwaist Company, uma fábrica têxtil que ocupava do oitavo ao décimo andar de um prédio, e que empregava 600 trabalhadores. A maioria eram mulheres imigrantes judias e italianas com idade entre 13 e 23 anos. Parte dos trabalhadores conseguiu chegar as escadas, descendo para a rua ou subindo no telhado. Outros desceram pelo elevador.
lkjhgfO fogo e a fumaça aumentaram e muitos trabalhadores desesperados pularam pelas janelas e algumas mulheres morreram nas próprias máquinas. Na tragédia 146 pessoas morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens.
lkjhgfNo local do incêndio foi construída uma parte da Universidade de Nova York onde consta uma placa com a inscrição em homenagem às vítimas do incêndio. Por causa dessa tragédia foram criados novos conceitos de responsabilidade social e legislação do trabalho, tornando as condições de trabalho as melhores do mundo.
lkjhgfPara Eva Blay, é provável que a morte das trabalhadoras da Triangle tenha se incorporado ao imaginário coletivo da comemoração do Dia Internacional da Mulher. Mas o processo para instituir uma data comemorativa já vinha sendo estudada pelas socialistas americanas e européias há algum tempo e acabou sendo confirmada com a proposta de Clara Zetkin em 1910.
lkjhgfA data passou a ser comemorada com mais intensidade na década de 60 com o fortalecimento do movimento feminista, quando passaram a ser discutidos problemas da sexualidade, da liberdade ao corpo, do casamento e dos jovens. O fato é que não se sabe com precisão por que o dia 8 de março foi escolhido, mas ele se consagrou ao longo do século XX. A consagração do direito de manifestação pública veio com apoio internacional, em 1975, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu oficialmente a data como o Dia Internacional da Mulher.

Texto: Cinderela M.F. Cladeira


http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2001/espaco06mar/editorias/variedades.htm
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História das Mulheres e Relações de Gênero



História das mulheres e relações de gênero: debatendo algumas questões
Rachel Soihet
As contribuições recíprocas decorrentes da explosão do feminismo e das transformações na historiografia, a partir da década de 1960, foram fundamentais na emergência da História das Mulheres. Nesse sentido, ressaltam-se as contribuições da História Social, da História das Mentalidades e, posteriormente, da História Cultural, articuladas ao crescimento da antropologia, que tiveram papel decisivo nesse processo, em que as mulheres são alçadas à condição de objeto e sujeito da História. Fato relevante, se considerarmos a despreocupação da historiografia dominante, herdeira do iluminismo, com a participação diferenciada dos dois sexos, já que polarizada para um sujeito humano universal.
A partir da década de 1970, "gênero" tem sido o termo usado para teorizar a questão da diferença sexual. Foi inicialmente utilizado pelas feministas americanas, sendo inúmeras as suas contribuições. A ênfase no caráter fundamentalmente social, cultural das distinções baseadas no sexo, afastando o fantasma da naturalização; a precisão emprestada à idéia de assimetria e de hierarquia nas relações entre homens e mulheres, incorporando a dimensão das relações de poder; o relevo ao aspecto relacional entre as mulheres e os homens, ou seja, de que nenhuma compreensão de qualquer um dos dois poderia existir através de um estudo que os considerasse totalmente em separado, constituem-se em algumas dessas contribuições. Acresce-se a significação, emprestada por esses estudos, à articulação do gênero com a classe e a raça/etnia. Interesse indicativo não apenas do compromisso com a inclusão da fala dos oprimidos, como da convicção de que as desigualdades de poder se organizam, no mínimo, conforme estes três eixos.
Todas essas reflexões das mais fecundas não excluem, porém, críticas à continuidade nos estudos de gênero dos dualismos, especialmente, da divisão binária da humanidade, a partir das construções baseadas no sexo. Reflexões e pesquisas têm se desenvolvido com vista a ultrapassar tais impasses, questionando-se a utilização de uma categoria que tem como referência a diferença sexual quando as discussões 'politicamente corretas' parecem exigir, cada vez mais privilegiar outras marcas na explicação das desigualdades. Uma proposta seria partir de uma perspectiva pluralista, considerando-se uma multiplicidade identitária.

A historiadora Joan Scott, entusiasta da categoria gênero, alinha-se entre as pioneiras que acentuam a necessidade de se ultrapassar os seus usos descritivos, buscando a utilização de formulações teóricas, com o que concordam muitas das pesquisadoras. Uma exceção, nesse particular, é Maria Odila da Silva Dias que discorda da necessidade da construção imediata de uma teoria feminista, pois, a seu ver, tal reconstrução significa substituir um sistema de dominação cultural por outra versão das mesmas relações, talvez invertidas de poder, já que o saber teórico implicaria, também, num sistema de dominação. Sugere partir de conceitos provisórios e assumir abordagens teóricas parciais. Scott argumenta que, no seu uso descritivo, o gênero é apenas um conceito associado ao estudo das coisas relativas às mulheres, mas não tem a força de análise suficiente para interrogar e mudar os paradigmas históricos existentes. Assim, não teria sido suficiente às historiadoras das mulheres provar que as mulheres tiveram uma história, ou que as mulheres participaram das mudanças políticas principais da civilização ocidental. Após um reconhecimento inicial, a maioria dos historiadores descartou a história das mulheres ou colocou-a em um domínio separado. Esse tipo de reação encerra, segundo Scott, um desafio teórico. Ele exige a análise não só da relação entre experiências masculinas e femininas no passado, mas também a ligação entre a história do passado e as práticas históricas atuais. Scott ressalta, ainda, que as análises de gênero, no seu uso descritivo, tem incidido apenas nos trabalhos sobre temas em que a relação entre os sexos é mais evidente: as mulheres, as crianças, as famílias etc. Aparentemente, temas como a guerra, a diplomacia e a alta política não teriam a ver com essas relações. O gênero parece não se aplicar a esses objetivos e, portanto, continua irrelevante para a reflexão dos historiadores que trabalham sobre o político e o poder. O resultado é a adesão a uma visão funcionalista baseada sobre a biologia e a perpetuação da idéia das esferas separadas na escrita da história: a sexualidade ou a política, a família ou a nação, as mulheres ou os homens.
Por outro lado, a polêmica entre Joan Scott e as historiadoras Louise Tilly e Eleni Varikas oferece um panorama da pluralidade de concepções acerca da questão do gênero. Ao reforçar a necessidade de se ultrapassar os usos descritivos do gênero, buscando a utilização de formulações teóricas, Scott afirma a impossibilidade de uma tal conceitualização efetuar-se no domínio da história social, segundo ela, marcado pelo determinismo econômico. Salienta a necessidade de utilizar-se uma "epistemologia mais radical", encontrada, segundo ela, no âmbito do pós-estruturalismo, particularmente, em certas abordagens associadas a Michel Foucault e Jacques Derrida, capazes de fornecer ao feminismo uma perspectiva analítica poderosa. Nesse sentido, segundo Scott, os estudos sobre gênero devem apontar para a necessidade da rejeição do caráter fixo e permanente da oposição binária "masculino versus feminino" e a importância de sua historicização e "desconstrução" nos termos de Jacques Derrida - revertendo-se e deslocando-se a construção hierárquica, em lugar de aceitá-la como óbvia ou como estando na natureza das coisas (Scott, 1994, 16) .
Louise Tilly contrapõe-se a tal postura, com o que concorda Eleni Varikas, ao afirmar que a vontade política de conceder às mulheres o estatuto de sujeitos da história contribuiu para o encontro das historiadoras feministas com as experiências históricas das mulheres. E, para muitas, este encontro teve lugar no terreno da história social, do que resultaram análises notáveis de relações entre gênero e classes sociais. Desse modo, as críticas formuladas por Joan Scott contra a história social, quanto à marginalização das experiências femininas, a redução do gênero a um subproduto das forças econômicas, a indiferença pela influência do gênero na constituição do sentido na cultura e na ideologia política foi, segundo Varikas, precisamente o que desapareceu nas tentativas bem sucedidas de re-escrita feminista da história. Também, Tilly e Varikas manifestam seu ceticismo quanto ao potencial de epistemologias situadas no âmbito do pós-estruturalismo para elaborar uma visão não determinista da história e uma visão das mulheres como sujeitos da história. Nesse particular, ocorre-me uma opinião sobre o assunto das mais ponderadas: "se a linguagem constitui-se num dado ou obstáculo inevitável, ela não é o começo e o fim de tudo. Assim, importa não substituir a tirania do logos por uma nova tirania", ou seja, a da linguagem, do discurso.
Varikas critica, porém, as restrições de Tilly ao que denomina "uso mais literário e filosófico do gênero", atentando para a importância de se refletir com mais precisão, acerca da influência do paradigma lingüístico sobre a história das mulheres. Acentua Varikas a importância das abordagens no âmbito da história das idéias e das mentalidades, que concederam um lugar privilegiado para a análise das representações, dos discursos normativos, do imaginário coletivo; as quais chamaram a atenção para o caráter histórico e mutante dos conteúdos do masculino e do feminino, reconstruindo as múltiplas maneiras pelas quais as mulheres puderam re-interpretar e re-elaborar suas significações. E os estudos feministas não esperaram o pós-estruturalismo para sublinhar a importância das representações e dos sistemas simbólicos na análise e na compreensão da construção do gênero e das relações sociais que os sustentam.
Ainda, Scott propõe a política como domínio de utilização do gênero para análise histórica. Justifica a escolha da política e do poder no seu sentido mais tradicional, no que diz respeito ao governo e ao Estado Nação. Especialmente, porque a história política teria se constituído na trincheira de resistência à inclusão de materiais ou de questões sobre as mulheres e o gênero, vistos como categoria de oposição aos negócios sérios da verdadeira política. Acredita que o aprofundamento da análise dos diversos usos do gênero para justificativa ou explicação de posições de poder fará emergir uma nova história que oferecerá novas perspectivas às velhas questões; redefinirá as antigas questões em termos novos - introduzindo, por exemplo, considerações sobre a família e a sexualidade no estudo da economia e da guerra. Tornará as mulheres visíveis como participantes ativas e estabelecerá uma distância analítica entre a linguagem aparentemente fixada do passado e a nossa própria terminologia. Além do mais, essa nova história abrirá possibilidades para a reflexão sobre as atuais estratégias feministas e o futuro utópico.
A análise de Scott é de extrema relevância, pois incorpora contribuições das mais inovadoras no terreno teórico, como no do próprio conhecimento histórico. Considero, porém, que, a partir do modelo de análise proposto, alguns elementos essenciais ao desvendamento da atuação concreta das mulheres tornam-se dificilmente perceptíveis. Importa, portanto, examinar contribuições de outras historiadoras, entre elas Michelle Perrot e Arlette Farge que, com esse objetivo, não se limitam a abordar o domínio público. Recorrem a outras esferas, como o cotidiano, no afã de trazer à tona as contribuições femininas.
Nessa perspectiva, ressaltam a necessidade de se buscar às mulheres nos domínios nos quais ocorria maior evidência de participação feminina. Os estudos sobre a sociabilidade feminina que deram lugar a importantes trabalhos sobre o lavadouro, o forno, o mercado, a casa, assim como os estudos sobre os tempos marcantes da vida, tomando como objetos o nascimento, o casamento e a morte são destacados. Daí não se aterem unicamente à esfera pública - objeto exclusivo, por largo tempo, do interesse dos historiadores impregnados do positivismo e de condicionamentos sexistas. Explica-se, assim, a emergência do privado e do cotidiano, nos quais emergem com toda força a presença dos segmentos subalternos e das mulheres. Longe está o político, porém, de estar ausente dessa esfera, na qual se desenvolvem múltiplas relações de poder.
Tais historiadoras evitam o binômio dominação/subordinação como terreno único de confronto. Apesar da dominação masculina, a atuação feminina não deixa de se fazer sentir, através de complexos contra-poderes: poder maternal, poder social, poder sobre outras mulheres e "compensações" no jogo da sedução e do reinado feminino. Sua proposta metodológica é estudar o privado e o público como uma unidade, assaz renovadora frente ao enfoque tradicional "privado versus público".
Advertem as pesquisadoras que tais conclusões, acerca dos poderes femininos, não devem, porém dar lugar a enganos, em termos de uma perspectiva conciliadora, de justaposição de culturas, ao mesmo tempo plurais e complementares, esquecendo-se da violência e da desigualdade que marcam a relação entre os sexos. Inúmeros exemplos são apresentados, assinalando-se a presença da complementaridade na divisão sexual das tarefas, o que não exclui uma hierarquização dos papéis exercidos por homens e mulheres. Assim, reiteram a existência da dominação masculina, instrumento indispensável para captar a lógica do conjunto de todas as relações sociais. Entretanto, na perspectiva que adotam, a "dominação masculina" não é mais uma constante sobre a qual toda reflexão tropeçaria, mas a expressão de uma relação social desigual que pode desvendar engrenagens e marcar especificidades de diferentes sistemas históricos.
Voltando à proposta de Scott, esta não abre espaço para que emerjam as diversas sutilezas presentes nas relações entre os sexos, das quais não estão ausentes as alianças e consentimentos por parte das mulheres. Nesse particular são muito adequadas as considerações de Roger Chartier, pautado em Pierre Bourdieu, que destaca na dominação masculina o peso do aspecto simbólico, que supõe a adesão dos dominados às categorias que embasam sua dominação. Utiliza-se Chartier do conceito de violência simbólica que ajuda a compreender como a relação de dominação - que é uma relação histórica, cultural e lingüisticamente construída - é sempre afirmada como uma diferença de ordem natural, radical, irredutível, universal. Outrossim, alerta Chartier, uma tal incorporação da dominação não exclui a presença de variações e manipulações, por parte dos dominados. O que significa que a aceitação pelas mulheres de determinados cânones não significa, apenas, vergarem-se a uma submissão alienante, mas, igualmente, construir um recurso que lhes permita deslocar ou subverter a relação de dominação. As fissuras à dominação masculina não assumem, via de regra, a forma de rupturas espetaculares, nem se expressam sempre num discurso de recusa ou rejeição. Definir os poderes femininos permitidos por uma situação de sujeição e de inferioridade significa entendê-los como uma reapropriação e um desvio dos instrumentos simbólicos que instituem a dominação masculina, contra o seu próprio dominador.
A noção de resistência torna-se, dessa forma, fundamental nas abordagens sobre as mulheres, revelando sua presença e atuação no seio de uma história construída pelos homens, com vistas a reagir à opressão que sobre elas incide. Historiadoras, como aquelas mais uma vez citadas, M. Perrot, Natalie Davis, A. Farge, Silva Dias, eu própria, têm se baseado nesse referencial na obtenção de pistas que possibilitem a reconstrução da experiência concreta das mulheres em sociedade, que no processo relacional complexo e contraditório com os homens têm desempenhado um papel ativo na criação de sua própria história.
Importa esclarecer que tais observações não visam excluir a abordagem das mulheres do terreno da política formal, sem dúvida da maior importância no estudo da movimentação feminina, na luta por direitos e de sua participação como sujeitos na sociedade. Afinal, penetrar na esfera pública foi um velho anseio por longo tempo vedado às mulheres. Passavam as mulheres, segundo Hannah Arendt, a garantir sua transcendência, pois o espaço público, afirma aquela filósofa, não pode ser construído apenas para uma geração e planejado somente para os que estão vivos: deve transcender a duração da vida dos homens mortais, aos quais acrescentamos, também, a das mulheres mortais.
Rachel Soihet é professora do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense - UFF e pesquisadora do CNPq.

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Prestação de serviços "estranhos". Alugar um marido?


Exclusividade a seu serviço
Personal friend? Marido de aluguel? Veja as novas e criativas funções

No Ministério do Trabalho estão registradas mais de duas mil profissões diferentes, algumas totalmente incomuns e inusitadas. Além da necessidade de fugir do desemprego, muitas pessoas aproveitam seu know-how e experiências pessoais para ampliarem a atuação no mercado. O que, em boa parte dos casos, seria um hobby pode virar uma profissão. É por isso que cada vez mais surgem alternativas bastante criativas para proporcionar aos consumidores o que os prestadores de serviços comuns não oferecem. Já imaginou ter um personal friend ou um personal ipodder? Se você nunca ouviu falar nisso, é bom prestar atenção às novas funções e profissionais que estão se formando. E eles garantem: cliente é o que não falta!
São vários serviços, exatamente aquelas coisinhas que qualquer
marido poderia fazer e não faz, por não ter habilidade ou ferramentas
Mas os serviços personalizados que surgem não refletem apenas as necessidades de quem se propõe a oferecê-los - retratam, também, as atuais necessidades dos consumidores. Muita gente prefere pagar para não ter nenhum tipo de preocupação, ou mesmo para receber um tratamento individual e exclusivo. Ter um serviço diferenciado e inovador, que atenda aos desejos e facilite a vida dos clientes, tornou-se alvo de vários profissionais. Prova disso é a advogada e executiva Andrea Carvalho: "Eu, por ser uma executiva, não tinha tempo para pôr minhas coisas e assuntos particulares em ordem e sempre reclamava disso. Logo vi que eu não era a única com este problema", observa ela, que aliou a experiência adquirida e seu prazer em organizar para criar a Do It!, uma empresa de serviço de assessoria pessoal voltado àqueles que não têm tempo ou não querem se aborrecer com questões do cotidiano.
Estresse e preocupação zero.
A Do It! atende a pessoas que precisam de
dicas ou soluções práticas na hora de trocar, reformar ou decorar a casa, além de organizar e assessorar viagens para oferecer comodidade e tranqüilidade aos clientes. A idéia surgiu quando Andrea estava no processo de mudança entre um emprego e outro: "Tirei algumas semanas de férias e percebi quanta coisa estava pendente em minha vida. Sempre gostei de arrumar, tomar conta da casa, mas estava ocupada demais para isso. Pesquisei, vi que não havia nenhuma empresa que cuidasse de tudo que a Do It! faz, e decidi investir nisso. Estou há mais ou menos quatro meses só neste ramo e encontrei bastante receptividade dos executivos, principalmente", relata.
Hoje, Andrea trabalha gerindo diversos fornecedores, como arquitetos, empreiteiros, eletricistas, buffets, agências de viagem, entre outros. Os contatos e o know how que adquiriu durante os anos em que esteve à frente de grandes empresas foram suficientes para montar a rede de serviços. "Envolve muita gente, mas tudo tem o meu dedo, pois faço questão de que tudo esteja certinho. Para organizar uma viagem de carnaval completa, por exemplo, tive que lidar com agência de viagem, hotel, buffet, restaurante, translado e conseguir os lugares no Sambódromo com a Liga das Escolas de Samba. Eu vendo algo muito conceitual, que pretende garantir ao cliente aborrecimento zero", afirma Andrea.
Problemas em casa? Alugue um marido
Outro tipo de serviço fresquinho que promete acabar com as preocupações de muita gente atende pelo nome de "
Marido de Aluguel". Mas é bom deixar claro o que este "marido" faz: trabalhos domésticos como reparos elétricos, instalações hidráulicas, troca de lâmpadas e dobradiças, regulagem de portas de armários, instalação de varais de teto, pinturas etc - além de motorista particular. "São vários serviços, exatamente aquelas coisinhas que qualquer marido poderia fazer e não faz, por não ter habilidade ou ferramentas", diz Valdir Peres, mais conhecido como "Billy", o marido de aluguel em pessoa. Tudo começou quando ele viu uma entrevista com um norte-americano que havia montado uma agência de "maridos", há quase 20 anos. "Na época eu estava bem, tinha uma transportadora com 43 funcionários; mas meu maior cliente faliu e me levou junto. Desde então passei a pensar melhor na idéia, e há três anos abri o negócio", conta.
Billy cobra R$ 60 por hora de atendimento e garante que o empreendimento vai de vento em popa, principalmente depois de aparecer em revistas e programas de TV. Mas, com a alcunha de "marido de aluguel", é claro que já surgiram episódios engraçados e constrangedores, de pessoas que confundem o anúncio e ligam para contratar outro tipo de "serviços"... "Cantadas de homens são várias. Aliás, fazem propostas muito boas, oferecendo até R$ 1.000 por uma noite. De mulheres são poucas, mas nunca aceitei. Não é essa a minha política. Acontece também de mulheres que querem ficar conversando após os trabalhos, a maioria senhoras com mais de 55 anos. Percebo que elas são muito carentes, até de papo", comenta Billy.

Mas aquele que tem como objetivo curar a carência de muitas tem outra denominação: personal friend. Isso mesmo. Na onda de profissionais que proporcionam uma alternativa de assistência e exclusividade à clientela, surgiu também o "amigo de aluguel", representado, por exemplo, pelo professor de dança Antonio Carlos da Silva Sá, ou Toni Sá, de 47 anos. Toni define o seu papel como "um acompanhante moderno, com muito respeito" - e, mais uma vez, sem qualquer conotação sexual. "Mulheres de várias idades buscam o serviço, sempre que precisam de um 'apoio' masculino para as mais diversas ocasiões", ressalta ele, que cobra em média R$ 50 por hora de companhia.
Tem gente que ganha um iPod, por exemplo, e não tem tempo, não está a fim ou não sabe mexer no aparelho. Aí a pessoa me liga e a gente bate um papo sobre os gostos dela. Geralmente me informam o gênero favorito e eu adiciono o que acho melhor daquele estilo musical
Toni, que já foi estudante de economia, DJ, promoter, comerciante, ator e até professor de português na Alemanha, hoje se divide entre a faculdade de ciências contábeis, aulas e apresentações de dança, sua grande paixão, e as saídas como personal friend. O serviço personalizado baseou-se na função de dançarino de aluguel, que Toni já exercia nos salões do Rio de Janeiro. "Minhas alunas pediam para ir a bailes e organizávamos grupos com dançarinos. Em alguns dias, a aluna contratante estava indisposta e trocávamos a saída de dança por um teatro, um jantar etc. E assim começou o personal friend. Hoje possuo um grande leque de trabalhos feitos, como ir a shoppings, teatros, cinemas, viagens, casamentos, aniversários, lançamento de livros, escolha de apartamento, compra de automóvel e caminhadas no calçadão da orla", descreve.
De acordo com ele, para ser um personal friend, é preciso reunir algumas características, como boa apresentação, educação, cultura, boa fluência verbal, bom humor e paciência. E isso é necessário até para se esquivar de possíveis armadilhas. "Desagradável foi uma exposição de quadros de uma pintora, onde notei que minha presença era para fazer ciúmes no ex-marido da minha contratante. Toda vez que ele passava, ela me abraçava. A situação foi ficando explosiva e uma amiga dela convenceu-a de ir embora. Menos mal", conta. Toni esclarece que, dos encontros, não raro nascem boas amizades, mas deixa de lado qualquer envolvimento mais íntimo. "Tentações existem, mas esse é meu ganha-pão. Quando surge uma mão na perna excessiva, tenho que sair delicadamente. Não posso nem ser rude, nem deixar que a coisa evolua. Não quero que as pessoas confundam minha proposta", confessa o personal friend, admitindo que um pequeno clima de sedução pode ser legal. Toni, que tem um filho de sete anos, também frisa que não atende a homens.
Organizador de músicas pessoal
Opções não faltam para quem quer um atendimento personalizado, seja para pôr a casa em ordem, resolver pepinos do dia-a-dia, sair acompanhada ou até mesmo organizar suas músicas. Pois é, diante de tantos avanços tecnológicos, não seriam remotas as chances de surgir um personal ipodder. A diretora de arte e DJ Cris Naumovs é uma que incorporou a função, que tem como objetivo reunir no tocador de MP3 do cliente as suas músicas preferidas. "Tem gente que ganha um iPod, por exemplo, e não tem tempo, não está a fim ou não sabe mexer no aparelho. Aí a pessoa me liga e a gente bate um papo sobre os gostos dela. Geralmente me informam o gênero favorito e eu adiciono o que acho melhor daquele estilo musical, ou então dizem para quê querem as músicas - para malhar, para receber os amigos etc", explica Cris, que já criou trilhas sonoras para restaurantes paulistanos badalados, como o Ritz. "Há clientes que me descobriram após irem ao restaurante e gostarem da música ambiente", revela.
Atualmente, Cris cobra R$ 1,50 por canção - o mesmo preço sugerido por alguns outros ipodders. Uma trilha completa, dependendo da memória do player, pode chegar a R$ 5 mil. "Não trabalho só com isso, é uma coisa que gosto de fazer. Às vezes estou muito atarefada, mas atendo em média três clientes por mês", diz ela. É. Definitivamente, trabalho é o que não falta para quem tem conhecimento, bagagem, feeling e muita, muita criatividade.

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A Mulher de 30


A mulher de 30 e o amor. O que está acontecendo com as nossas Bridget Jones?
O número de mulheres sozinhas cresce na mesma medida que o mercado de livros para solteiras, centrados em heroínas aflitas à procura de um par.
O DIÁRIO DE BRIDGET JONES, de HELEN FIELDING, vendeu 107 mil exemplares no Brasil, onde a tiragem média de um livro é de 2 mil. Ao ser lançada, em 1998, a obra já dava mostras de que teria futuro: mulheres que chegam sozinhas aos 30 se sentem vingadas por aquela gordinha meio neurótica e engraçada que acaba se dando bem. De lá para cá, uma avalanche dos chamados capa cor-de-rosa - ou literatura de mulherzinha - invadiu as livrarias sob a forma de romances, contos, manuais de sobrevivência e derivados. O país não é um caso isolado. Sintoma da globalização, esses livros têm aceitação frenética no mundo. As ucranianas lêem, as inglesas fazem fila no lançamento, as americanas adoram os picantes, as japonesas e as chinesas já entraram na onda, inspiradas nas balzaquianas pós-modernas que desceram do salto para correr atrás de um homem. A febre só não atingiu os países árabes, por razões óbvias - lá, ainda vigora a prática do casório por encomenda. "Entre as mulheres que constroem uma carreira e só aos 30 começam a se preocupar com o bem-estar amoroso, a identificação é imediata", afirma Luciana Villas-Boas, diretora editorial da Record, que publica BRIDGET JONES. "Até então, os romances cheios de dores não refletiam o comportamento da mulher contemporânea", diz. De olho nessa realidade, a Record colocou no mercado 55 títulos - entre eles, o bem vendido SEX AND THE CITY, de Candace Bushnell - e instigou a concorrência. No mês passado, foi lançado CASÓRIO?!, da irlandesa Marian Keyes, que, segundo a Bertrand Brasil, conquistou aqui 200 mil leitoras com MELANCIA, FÉRIAS e SUSHI. Outra linha, mais ousada, chega com A ENTREGA - MEMÓRIAS ERÓTICAS (ed. Objetiva), de Toni Bentley. Nesse caso, a crítica estrangeira achou o texto bem escrito. Rigor estético não é o forte da maioria dos títulos. Tanto que as intelectualizadas demoram a confessar que lêem. Também torcem o nariz porque quase todos apontam o casamento como o antídoto exclusivo para a solidão. Mas não negam: as heroínas são hilárias. As solteiras gostam disso. Mas quem são elas? Como vivem num país onde quatro em cada dez mulheres estão sozinhas? Olhando de perto, é possível entender a nossa Bridget Jones. Com o mesmo desembaraço com que acelera o carro para curtir uma noite sem par, ela chora. Segundo Beatriz Kuhn, da Sociedade Brasileira de Psicanálise, a principal queixa é que seus amores nunca dão certo. "Ela fica sozinha por mais tempo do que gostaria, e isso provoca muita aflição", firma. "Aos 30, se vê como uma baleia encalhada, um Titanic. Olha para as amigas casadas acreditando que só ela sobrou sem marido". A reação imediata é sair disposta a tudo para arrumar um. Aí mora o perigo: ela age com a praticidade de quem procura um emprego. "Ao ver um cara bacana, se aproxima para fechar negócio." A determinação assusta. Os homens estão vivendo outra fase - a revolução masculina, que começou lentamente e com 20 anos de atraso em relação à feminina. Eles não estão maduros o suficiente para atender às expectativas delas", explica Beatriz. Há uma agravante: as altas exigências. Os clientes reclamam, no consultório, que, mal dão o telefone, são intimados a casar. Como as solteiras têm renda 10% maior que a média, se sofisticaram. Um homem confessou à psicanalista que, já no primeiro encontro, a moça agendou um fim de semana em Buenos Aires, outro em Ilhabela, depois em Búzios... Não por acaso, uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas-RJ detectou que, quanto maior é a conta bancária, mais só fica a mulher. "A de 30 vive uma contradição. Ganha grana à beça, mas tem o desejo secreto de que o macho pague o jantar como prova de amor", diz Beatriz. Para ela, as solteiras têm um pé no século 21 e outro nos anos 50. "Não abrem mão dos avanços sexuais, mas sonham casar como a mãe delas." Para abrandar a fervura, Beatriz sugere: "Respirem, a ansiedade atrapalha a percepção de que o grande encontro amoroso, hoje em dia, se dá entre 35 e 40 anos, depois que a mulher se realizou profissionalmente e o homem pôde amadurecer para alcançá-la".
Texto: Patrícia Zaidan - Revista Claudia

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Nós Mulheres


Donas da beleza de Helena e da destreza de Amélia
Da sensualidade de Afrodite e da pureza de Maria
Da sabedoria de Atena e da impestividade de Hera
Nós mulheres somos confusas e ao mesmo tempo didáticas.
Podemos nos perceber na mesma medida frágeis e gentis... fortes e duras.
Desejamos nos sentir amparadas, ainda que saibamos conceder proteção materna.
Construímos fortalezas para nossos sentimentos,
e conseguimos ainda derrubar as nossas próprias muralhas.
Somos as melhores amigas e as piores inimigas
Amamos e nos desencantamos
Esperamos e nos desiludimos
Acreditamos e perdemos a fé.
Nos encontramos e nos despedimos
Imploramos e exigimos
Escravizamos e libertamos
Gritamos nossos amores e calamos nossas dores
Nós mulheres agimos. E agimos por que pensamos!Até demais!
Não somos somente isso ou aquilo.
Somos herdeiras das virtudes e mazelas humanas.
E isso é muito, já que somos mais que coxas, seios e bundas.

Texto Luciane Trevisan Leal



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Sobre a Transição e Confusão Feminista

A transição dos tempos traz um fardo pesado às mulheres: a impossibilidade de lidar de forma clara com as heranças de identidade e os apelos do mundo contemporâneo. Hoje, a supremacia da privacidade, da exaltação do “ser individual”, não pertence tão somente ao sexo masculino. As conquistas das mulheres ocidentais no decorrer dos dois últimos séculos, corroborou atitudes de afirmação da personalidade que, para o deleite dos machistas de plantão, evidencia uma confusão na prática dos papéis sociais para nós mulheres. Gosto de me colocar como um bom exemplo desta realidade. Eu, como uma mulher típica do meu tempo, vivo um período de transição que me faz pensar ser um dos mais confusos, ao menos na história do meu sexo.Cada vez mais se vê nos dias atuais mulheres independentes, muitas bem sucedidas… sozinhas. Lê-se nas mais variadas interpretações desta atual conjuntura, que as mulheres de hoje são mais exigentes que outrora. Me parece que essa explicação simplista não abarca a profundidade e importância do que vivemos em nosso tempo, para as relações sociais, principalmente no que tange às relações de gênero. As mulheres, em muito pouco tempo, modificaram sua forma de ver e se colocar no mundo. Isso é um fato. Mas ao meu ver a realidade dessa maneira de ser e estar é muito mais complexa que a realidade aparente dos olhares menos observadores. A mulher deste tempo está condicionada às facetas das singularidades exaltadas tanto quanto os homens. Mas a busca por esta individualidade excessiva pesa em nossas vidas, em muito maior escala, que para nossos opostos em gênero. E posso dizer, mesmo sem querer parecer feminista, mas de uma certa forma deixando às claras essa subjetividade, a “culpa” está na limitação do homem de nosso tempo que, para sua própria infelicidade ou descontentamento, não consegue acompanhar as transformações que redundam no que estamos nos tornando hoje. Nós mulheres saímos de uma realidade de submissão para uma outra que nos coloca em um lugar que causa medo e confusão aos andarilhos errantes. Por mais incrível que possa parecer, mesmo que inconscientemente, a maioria dos homens ainda confundem independência com falta de doçura ou afetuosidade, se afastando em disparada daquelas que assim lhes aparece. São ainda poucos aqueles que reconhecem nossos talentos e posições diante da vida. Reconhecer nossos belos atributos (e não falo aqui de seios e bundas), é quase um atestado de fraqueza para estes homens.Onde está o problema dessa nova abordagem? Ao menos para nós mulheres são muitos. A idéia de mulher independente acaba por confundir-se com a mulher que parece não precisar de determinados cuidados. A mulher de hoje dá conta de segurar qualquer barra “passando” a impressão que não precisa de seu companheiro. O que entendem nossos companheiros do sexo oposto é que temos poucas fraquezas ou nenhuma (ou não podemos tê-las), já que nossa opção é tomar as rédeas da própria vida. Aos poucos conseguimos nos fazer notar como “seguras de si” e, por ironia do destino, acho que hoje tentamos fazer um percurso inverso: Queridos homens. Não somos iguais a vocês. Não perdemos a nossa doçura, nossos instintos naturais, nossa necessidade de nos sentirmos acarinhadas e cuidadas. Não perdemos o nosso direito à debilidade por que devemos ser fortes para enfrentar as imposições de nosso tempo. Apenas colocamos em voga a nossa vontade de nos sentir admiradas por algo além de nossos atributos sexuais ou domésticos. Uma vontade que não deixa de estar conjugada à necessidade de ser tomada com leveza, de querer proteção ou colo. Pobres mulheres lindas, resolvidas ou nem tanto, bem sucedidas ou no caminho do sucesso e ainda assim ardentes de paixão e desejosas de cuidados. Pobres homens reféns cegos da ortodoxia.
Texto: Luciane Trevisan Leal

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Sobre Não Dizer Eu Te Amo

Eu não te amo quando:

Não posso passar um dia se quer sem pensar em você. Não consigo pensar em você, com aquietação, já que a mínima lembrança sua me remete aos desejos irresistíveis do não realizável.

Fantasia é nossa palavra de ordem. Não podemos viver sem ela. Ela transforma nosso cotidiano em alguma coisa menos ordinária! Ter você no devaneio é o mesmo que não ter você em meio aos desvarios do habitual. Permitir-me viver o parcialmente vivido me estimula a convergir seu fraco em forte, suas incertezas em verdades absolutas, seu padecimento em gozo, sua tolice em fascínio. Tudo me parece mais distante do que eu posso alcançar. Nossos encontros me parecem mais profundos do que eu posso penetrar.

E nossas noites e dias de deleite! Tão perfeitas quanto as imperfeições de nossas contradições. E tão exuberantes e mágicas quanto a superfície de nossos corpos. Realizamos o amor na superfície de nossos corpos e enganamos nossas almas imaginando uma singularidade inalcançável, inexistente. Enquanto os outros vivem o amor das discórdias, das diferenças e das dores, nós esperamos que nosso aludido “melhor” seja bom o suficiente para sustentar o “para sempre”. E acreditamos que se não for para sempre, inventaremos um outro conceito de tempo que nos abrace, que nos una em nossa loucura!

Eu não consigo dizer “eu te amo”. Talvez por que nosso para sempre é irreal o bastante para me tocar. Mas pensando bem, talvez eu consiga dizer algumas poucas vezes! Sem olhar em seus olhos, claro! Por que não posso encarar o que não me é concreto. Vislumbrar a abstração é o que me inspira. Me sugere que posso viver para muito além do que esta realidade banal me impõe.
E assim vou seguindo! Permitindo que sejamos um, no nenhum…
Texto: Luciane Trevisan Leal

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Absolue Eye Premium

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